Eco da leitura do livro das Moradas de Santa Teresa de Jesus
I
Neste desterro sou Tua morada Deus Trindade
No centro e meio do que sou, vives e reinas
Como sol que ilumina e dá calor,
Como água viva que sustenta e faz dar bom fruto.
Quero estar onde Tu estás
Acolher a Tua formusura, deixar distrações e pretensões.
II
Posso agora ouvir a Tua doce voz
Deixar más companhias
Ver em Ti o que, um dia, por Ti farei:
Que esperas, acolhes, permaneces, confortas e dás vida.
Já estou determinada a vencer-me,
A receber da Tua paz e responder com obras de bem.
III
O jovem rico e infeliz não Te seguiu
Também eu no meu egoísmo não Te sigo:
Peço menos dor e uma vida fácil,
Não acolho a lei da Tua cruz.
Bom cirurgião, no silêncio e na esperança,
Faz-me viver na Tua verdade.
IV
Dilataste o meu coração
Para Te seguir mais fiel e livremente,
Para que a Tua grandeza me desborde,
Pois és e Te mostras amigo.
Sou tua filha, Maria.
O meu sim no teu descansa.
V
O bicho da seda será borboleta.
Para isso cresce, faz o casulo e renuncia ao seu ser.
Em pequenas coisas Te amo mais do que a mim mesma
Porque me marcaste com o Teu selo, estás em mim e eu em Ti.
Escolheste salvar-me,
Eu quero revelar-Te.
VI
Conheci-Te meu bom Senhor
Porque me deste a conhecer quem és.
Ficou uma saudade da Tua plenitude
Que nada do mundo pode saciar.
Esta dor amorosa nos une à Tua paixão, morte e ressurreição.
És grande, glorioso, poderoso, fiel, rico e bom.
VII
A Tua divindade se escondeu na minha humanidade.
Queres que as Tuas obras se expressem na minha carne.
A Ti poderão ver se Te amo
com obras mais do que com palavras…
Se dobro a minha vontade no serviço do amor,
Por ser e para chegar a ser um Contigo na oferta íntegra ao Pai.