Nov 5, 2024 | Desafios, Mão na mão

Hey! Não deixes para o fim. Falta isto nas listas de compras de Natal!

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A Dignidade Humana no Envelhecimento

Já oiço falar em compras. Até já me disseram que cheira a Natal, e que as luzes deviam brilhar mais cedo. Eu não concordo. Mas alinho na conversa. Recordo que o Menino Jesus insiste em nascer (outra vez). E escrevo estas linhas a pensar em muitas mãos estendidas. Nem sempre mão na mão. Mas vale a pena tentar. Sempre.

O Natal está quase a chegar. Há mais de dois mil anos que assim é. Para muitos é uma época de celebração do amor, da compaixão, do espírito de unidade entre as pessoas. Quais pessoas? Caro leitor, tenho de interromper aqui com a primeira pergunta. Quais pessoas? Ou de que idades estamos a falar? Já lá vamos.

Este tempo especial convida a refletir sobre o significado da dignidade humana e sobre o valor de cada pessoa, particularmente daqueles que estão na fase mais avançada da vida. Quando falamos sobre o envelhecimento, falamos também de uma jornada cheia de experiências, para alguns é a fase da sabedoria e, para quase todos, são fases de desafios.

O Natal oferece uma oportunidade única de afirmar e valorizar a dignidade das pessoas de maior idade. E aqui se pode lançar a importância de incluir os adultos mais velhos de forma plena nos rituais, tradições e celebrações familiares. Família.

A dignidade humana é um princípio inalienável, que deve ser respeitado e promovido em todas as etapas da vida. Envelhecer traz consigo uma série de mudanças físicas, psicológicas e sociais, mas nada disso diminui o valor e a importância de uma pessoa. De cada pessoa. De todas as pessoas.

Mas… é comum que as pessoas de maior idade sintam o isolamento, a perda de autonomia e outros males. Estes desafios beliscam a perceção que a pessoa idosa tem da sua própria dignidade e da sua (grande) importância.

Reconhecer e valorizar a dignidade dos adultos mais velhos, é essencial numa sociedade que preza a justiça e o respeito. Caro leitor, faço uma segunda pergunta: que tal este Natal – e estamos ainda a bastante longe do tempo do Natal – investirmos (literalmente) no sentimento de pertença das pessoas de maior idade? Mostrando claramente a sua importância na família e até para a sociedade como um todo? Que grande presente de Natal!

Olhar o envelhecimento de quem nos ama como um capítulo valioso de uma vida valiosa, de alguém especial, que é um exemplo vivo de resiliência e dignidade humana.

O Natal recorda-nos a importância de celebrar a Vida. É assim desde há mais de dois mil anos. Será que já percebemos como se faz? Foi a terceira pergunta. Vamos entrar na ocasião perfeita para oferecer às pessoas de maior idade um espaço onde se sintam valorizadas, reconhecidas e amadas. Um presépio vivo.

Para muitas pessoas idosas, o Natal é um momento de reencontro e de nostalgia. Por exemplo, porque memórias de outros tempos insistem em voltar. Saudade. Mas, e se em vez de tratarmos essas memórias apenas como parte do passado, as valorizarmos como legado que reforça a relação e histórias entre gerações? Cada tradição mantida, cada história contada, reforça o papel único dos adultos mais velhos na nossa vida. Pertença.  Todos partilhamos o mesmo presente…o nosso presente. Que presente de Natal! Todos juntos no presépio.

Com tempo. Com bastante tempo. Convido à elaboração de uma lista, não de compras, mas de afetos e pertença. Que eu tenha tempo de mostrar que o Natal vai chegar, e isso é bom. Bom ao longo da idade. Bom em todas as idades, e sem pressa. Com tempo. Este Natal.

Maria Alexandra d'Araújo

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