Dez 17, 2024 | Caminhamos juntos, Casa comum

Carmelita Secular

A esperança do Natal

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Ano em pós ano, não nos cansamos de contemplar a Luz que brilha na noite. Ano em pós ano, a depressão, o medo, a desesperança, a noite e as trevas, enfim, parecem mais adensar-se e endurecer-se. Fique dito: quanto mais entregues a nós, quanto mais o mundo se feche em si, mais noite, mais trevas e mais desespero invadindo-nos o olhar e o coração. E mais necessidade de luz, de esperança e da Luz nascida em noite escura. Não nos cansemos de contemplar a Luz!

Caminhamos a passos largos para o Natal. As cidades enchem-se de luzes, música e atividades mais ou menos próprias desta época. Nas aldeias, os pisca-piscas revelam casas que, durante todo o ano, passam despercebidas. Desde as versões decorativas mais tradicionais como as estrelas, sinos e presépios, às mais “modernas” como as caixas de presentes e arco-íris, há uma nota comum de alegria, paz, esperança e amor. E quanto precisamos destes sentimentos na nossa vida de todos os dias…

A cada Natal somos chamados a renovar as razões da nossa esperança, na certeza de que Jesus vem ao nosso encontro, quer nascer no nosso coração e fazer parte da nossa vida. É um caminho exigente… Quando tudo corre bem, facilmente nos enchemos de nós mesmos e das nossas conquistas e, tal como há dois mil anos, não temos espaço para o Deus que se faz menino. Mas quando o fardo é pesado e vivemos acontecimentos dolorosos, facilmente caímos no desânimo e ofusca-se a luz que ilumina o nosso caminho. E quando deixamos de pensar no outro e vivemos apenas para satisfazer os nossos desejos e necessidades, facilmente nos fechamos em nós mesmos e perdemos a disposição para o transcendente. Sim, quuando o Natal se resume a uma festa com jantares e iluminações, é uma questão de tempo para se tornar apenas isso e nada mais.

Na mensagem do Angelus de 1 de dezembro deste ano de 2024, o Papa Francisco desafiava-nos a reencontrar a esperança que vem da confiança no amor de Deus. Disse-nos ali: «Todos nós, em tantos momentos da vida, nos perguntamos: como ter um coração “leve”, um coração desperto, um coração livre? Um coração que não se deixa esmagar pela tristeza? (…) Com efeito, pode acontecer que as ansiedades, os medos e as aflições sobre a nossa vida pessoal ou pelo que se passa no mundo hoje, pesem sobre nós como pedras e nos atirem para o desânimo. Se as preocupações tornam pesado o coração e nos levam a fechar-nos em nós mesmos, Jesus, pelo contrário, convida-nos a levantar a cabeça, a confiar no seu amor que nos quer salvar e que se faz próximo em cada situação da nossa existência, pede-nos que Lhe demos espaço para redescobrir a esperança.».

A esperança é uma das virtudes teologais, juntamente com a fé e a caridade, ocupando um lugar central na vida do cristão. Mais do que uma perspetiva otimista sobre o futuro, esperança é uma virtude enraizada numa confiança profunda em Deus. A esperança é a âncora da alma, que nos segura nas dificuldades e nos permite manter no caminho do seguimento de Jesus. Por isso, viver na esperança não significa ignorar as dificuldades do mundo, mas confiar que Deus está sempre ao nosso lado, mesmo nos momentos de maior escuridão. Num mundo marcado pela incerteza, pela depressão e pelo sofrimento, somos chamados a ser testemunhas da esperança. Em Cristo, há sempre caminho para uma vida nova: é Ele a razão da nossa esperança!

A exemplo de Maria que carregou Jesus no seu seio, também nós somos portadores desta esperança que se faz Menino e que quer nascer no nosso coração. Neste Natal, deixemos que a grande Luz brilhe na nossa vida e, contagiados por ela, sejamos sinal de esperança, de alegria e de amor para todos quantos se cruzam connosco.

Júlio Pereira

Carmelita Secular

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